Ícone do site Portal de Notícias

Brasil investe em centro de energia azul para impulsionar transição energética

uee em icara ce 14978240106 o

© Divulgação/Ari Versiani/PAC

O Brasil está prestes a dar um passo significativo na sua jornada rumo à sustentabilidade energética com a criação do Centro Temático de Energia Renovável no Oceano – Energia Azul. Fruto de um projeto inovador, esta iniciativa ambiciona posicionar o país na vanguarda do desenvolvimento de tecnologias para a produção de energia renovável offshore. Com um investimento inicial de aproximadamente R$ 15 milhões, provenientes de um edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o centro focará em quatro pilares tecnológicos cruciais: conversão de energia das ondas, aproveitamento de correntes de maré, gradiente térmico do oceano (OTEC) e a promissora produção de hidrogênio verde. Esta empreitada estratégica visa não apenas diversificar a matriz energética nacional, mas também oferecer soluções limpas para setores industriais de difícil descarbonização, transformando o vasto potencial oceânico brasileiro em um aliado fundamental na luta contra as mudanças climáticas.

Um novo horizonte energético: tecnologias e investimentos estratégicos

O centro de energia azul e suas frentes de atuação
A concepção do Centro Temático de Energia Renovável no Oceano – Energia Azul representa um marco para o setor de energias renováveis no Brasil. A iniciativa, que recebeu um aporte financeiro robusto de cerca de R$ 15 milhões da Finep, está delineada para ser um polo de desenvolvimento e inovação. Seu foco principal é a pesquisa e o avanço de quatro tecnologias essenciais para a geração de energia limpa em alto-mar. Entre elas, destacam-se a conversão de energia cinética das ondas, o aproveitamento das potentes correntes de maré, a exploração do gradiente térmico do oceano (OTEC) – que utiliza a diferença de temperatura entre as águas superficiais e profundas para gerar eletricidade – e, de forma estratégica, a produção de hidrogênio verde, um combustível com potencial transformador para a descarbonização industrial.

A visão por trás do Centro de Energia Azul é estratégica, aproveitando a vasta costa brasileira e sua comprovada expertise em operações offshore. O país possui uma localização geográfica privilegiada e uma longa história em atividades marítimas, o que confere um diferencial competitivo importante para o desenvolvimento dessas tecnologias. A ambição é transformar o oceano em um parceiro estratégico na transição energética nacional, gerando não apenas eletricidade e hidrogênio de forma sustentável, mas também contribuindo para a produção de água dessalinizada, um recurso cada vez mais valioso. A disponibilidade de recursos renováveis no oceano, combinada com a experiência brasileira em atividades offshore, é um diferencial que pode posicionar o Brasil como um ator chave na produção global de energia limpa.

Essas soluções têm uma aplicação industrial abrangente e são consideradas cruciais para a redução de emissões em setores que enfrentam desafios significativos na descarbonização. Plataformas de óleo e gás, que hoje dependem de combustíveis fósseis, poderão substituir parte de sua geração energética por fontes limpas produzidas no próprio ambiente oceânico. Além disso, as inovações visam impactar positivamente as indústrias de fertilizantes, siderurgia, transporte marítimo e aéreo, e cimento, oferecendo alternativas energéticas que minimizem o impacto ambiental e promovam uma economia mais verde e resiliente. A aposta é que o conhecimento e as tecnologias desenvolvidas no centro abram caminho para uma nova era de energia sustentável no Brasil, onde as energias renováveis offshore deixarão de ser uma promessa para se tornarem uma realidade em larga escala.

Capacitação e inovações que transformam

Formação de especialistas e o potencial do hidrogênio verde
Além do desenvolvimento tecnológico, o projeto do Centro de Energia Azul destina uma parte significativa de seus recursos, aproximadamente R$ 4,3 milhões, para a formação de capital humano. Este investimento será canalizado para bolsas de pesquisa destinadas a estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado, em colaboração com quatro renomadas instituições acadêmicas do país: a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A iniciativa visa fortalecer a capacitação de especialistas e expandir a base de conhecimento em energias oceânicas, garantindo que o Brasil possua uma força de trabalho qualificada e inovadora para impulsionar este setor emergente e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

Uma das frentes mais promissoras do projeto envolve a simulação física da produção de hidrogênio a partir de energia eólica offshore. Essa abordagem inovadora utiliza água do mar dessalinizada para o processo de eletrólise, que converte energia elétrica em energia química. A principal vantagem dessa tecnologia é sua capacidade de resolver a intermitência inerente à geração eólica, permitindo o armazenamento de energia na forma de hidrogênio e, consequentemente, garantindo maior estabilidade ao sistema elétrico. Este é um passo crucial para integrar grandes volumes de energia renovável na matriz sem comprometer a segurança e a confiabilidade do abastecimento, superando um dos grandes desafios da geração eólica.

O potencial da eólica offshore no Brasil é gigantesco. Atualmente, cerca de 250 gigawatts em projetos já estão em processo de licenciamento ambiental. Mesmo que apenas 20% desses projetos sejam efetivamente implantados, a matriz elétrica brasileira pode ganhar um acréscimo de 50 gigawatts, o que representa quase um quarto da capacidade nacional atual. Esse cenário demonstra o impacto transformador que as energias oceânicas, especialmente a eólica offshore e o hidrogênio verde, podem ter na segurança energética e na sustentabilidade do país, contribuindo significativamente para a meta de descarbonização.

Outra inovação a ser desenvolvida é uma turbina de aproveitamento de correntes de maré, que terá a versatilidade de operar tanto em ambientes oceânicos quanto em rios de fluxo contínuo. Mesmo unidades de pequeno porte dessa tecnologia são capazes de alcançar uma alta capacidade instalada, permitindo levar energia limpa e contínua a comunidades isoladas. Essa solução pode resolver um problema histórico de acesso à eletricidade em regiões remotas, promovendo inclusão social, desenvolvimento regional e melhoria da qualidade de vida para populações que hoje dependem de fontes de energia poluentes e caras.

O projeto ambiciona ainda o desenvolvimento de quatro equipamentos protótipos específicos: um conversor de energia das ondas, um sistema OTEC baseado no ciclo de Rankine com amônia, um módulo completo de produção de hidrogênio offshore e a já mencionada turbina de correntes de maré. Cada uma dessas tecnologias será cuidadosamente projetada, construída e submetida a rigorosos testes em ambientes laboratoriais e operacionais controlados. O objetivo final é que esses esforços resultem em projetos-piloto prontos para instalação e testes em condições reais no mar.

Este processo de elevação do nível de maturidade tecnológica (TRL) é um dos pilares centrais do Centro de Energia Azul. As energias renováveis offshore, embora promissoras, ainda se encontram em uma fase pré-comercial. O centro atuará precisamente nesse estágio intermediário, viabilizando a prova de conceito e o detalhamento de projetos que permitirão a aplicação em escala real. Ao término do projeto, a entrega de cada projeto-piloto para instalação no mar será a ponte para futuras aplicações comerciais em larga escala, consolidando a posição do Brasil como um ator relevante no cenário global da energia azul e pavimentando o caminho para uma matriz energética mais diversificada e sustentável.

Rumo a um futuro energético sustentável e inovador
A criação do Centro Temático de Energia Renovável no Oceano – Energia Azul marca uma era de inovação e compromisso com a sustentabilidade para o Brasil. Ao focar no desenvolvimento e na maturação de tecnologias de energia oceânica – como a conversão de ondas, correntes de maré, OTEC e hidrogênio verde –, o país não apenas diversifica sua matriz energética, mas também se posiciona como um protagonista na transição global para fontes limpas. Os investimentos em pesquisa e na formação de capital humano, aliados à vasta experiência brasileira em operações offshore, criam um ecossistema propício para avanços tecnológicos que podem beneficiar setores industriais de difícil descarbonização e levar energia limpa a comunidades isoladas. Essa iniciativa representa um passo fundamental para transformar o potencial dos nossos oceanos em uma realidade energética, assegurando um futuro mais sustentável, resiliente e inovador para as próximas gerações e solidificando o Brasil como um líder em energias renováveis.

Perguntas frequentes (FAQ)

O que é o Centro Temático de Energia Renovável no Oceano – Energia Azul?
É um projeto que visa desenvolver e testar tecnologias para a produção de energia renovável a partir do oceano (offshore). Ele se concentrará em quatro pilares tecnológicos: energia das ondas, correntes de maré, gradiente térmico oceânico (OTEC) e hidrogênio verde.

Quais tecnologias serão desenvolvidas no Centro de Energia Azul?
O centro focará no desenvolvimento de soluções para a conversão de energia das ondas, o aproveitamento de correntes de maré, a exploração do gradiente térmico do oceano (OTEC) e a produção de hidrogênio verde a partir da água do mar.

Como o projeto contribuirá para a redução de emissões no Brasil?
As tecnologias desenvolvidas no centro oferecerão alternativas de energia limpa para setores industriais de difícil descarbonização, como plataformas de óleo e gás, siderurgia, transporte e cimento. A substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis oceânicas reduzirá significativamente as emissões de gases de efeito estufa.

Qual o papel da formação de recursos humanos no projeto?
O projeto destina R$ 4,3 milhões para bolsas de pesquisa (mestrado, doutorado e pós-doutorado) em parceria com universidades como UFRJ, UFPA, UFPE e FGV. O objetivo é formar especialistas e expandir o conhecimento em energias oceânicas, garantindo expertise para o avanço do setor no país.

O que é o hidrogênio verde e como ele se integra ao projeto?
Hidrogênio verde é o hidrogênio produzido por eletrólise da água usando energia elétrica de fontes renováveis. No projeto, ele será gerado a partir de energia eólica offshore e água do mar dessalinizada, solucionando a intermitência da geração eólica ao permitir o armazenamento de energia e estabilizando o sistema elétrico.

Para se aprofundar nas últimas inovações e nos avanços da transição energética brasileira, continue acompanhando as nossas publicações.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

Sair da versão mobile