No próximo domingo, a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, será palco das comemorações dos 30 anos da primeira Parada do Orgulho LGBTI+ do Brasil. O evento, que retorna ao local onde se realiza desde 1995, terá como tema "30 anos fazendo história: das primeiras lutas pelo direito de existir à construção de futuros sustentáveis", celebrando a trajetória do movimento e olhando para o futuro.
A contagem das três décadas tem como ponto de partida a Marcha da Cidadania, realizada em 25 de junho de 1995, marcando o encerramento da 17ª Conferência Mundial da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA). A realização desse evento internacional no Rio de Janeiro, fruto de intensa articulação do movimento LGBTI+ brasileiro, ampliou a visibilidade da comunidade, fortaleceu a organização dos grupos em nível nacional e impulsionou o surgimento de paradas do orgulho em diversas cidades do país.
Embora ativistas já se mobilizassem em décadas anteriores, com foco principal na luta contra a epidemia de HIV/Aids, a marcha de 1995 representou um marco. Renan Quinalha, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Grupo de Trabalho Memória e Verdade LGBT, destaca que, apesar de não ser a primeira vez que o movimento LGBTI+ ia às ruas, foi o início de manifestações com um formato específico, em diálogo com a sociedade e com uma agenda de reivindicações mais abrangente.
Segundo Quinalha, a marcha de 1995 no Rio de Janeiro é um marco inicial de um processo de aprendizado e fortalecimento que se disseminou pelo país nos anos seguintes, culminando nas paradas com milhões de participantes, como a de São Paulo, considerada a maior do mundo. "Dá para dizer que as paradas são as maiores manifestações democráticas do Brasil. Nenhum outro movimento coloca tanta gente nas ruas anualmente em várias cidades", afirma.
Quatro anos antes, em 1991, o ativista Adauto Belarmino oficializou a candidatura do Rio de Janeiro como sede do evento, que foi confirmada em 1993. Naquele ano, o Movimento de Emancipação Homossexual Grupo Atobá, o recém-criado Grupo Arco-Íris e outros movimentos tentaram realizar uma parada na Praia de Copacabana, mas a iniciativa não obteve sucesso, reunindo menos de 30 participantes.
Cláudio Nascimento, atual presidente do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, que organiza a parada desde a sua primeira edição, recorda que, após a tentativa frustrada, o grupo decidiu analisar os fatores que prejudicaram a participação, como a necessidade de trabalhar a autoestima da comunidade. A experiência da luta contra a epidemia de AIDS e a reabertura democrática permitiram ao movimento construir uma pauta sobre cidadania, orgulho e reivindicação de políticas públicas.
Mesmo com os avanços, o medo de ser reconhecido em público, sofrer agressões e perder o emprego ou o apoio familiar ainda afastavam muitos LGBTI+ da parada. Para fortalecer a mobilização, o Grupo Arco-Íris promoveu eventos sociais e culturais, buscando aumentar a confiança dos participantes. A cerimônia pública de casamento de Claudio e Adauto Belarmino, em 1994, e um encontro ao ar livre no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que reuniu cerca de 600 pessoas, foram importantes para o processo.
Com a conferência confirmada para o Rio de Janeiro, o Grupo Arco-Íris enfrentou desafios financeiros e burocráticos para garantir a realização do evento. Doações de entidades internacionais, ativistas e artistas, como Renato Russo, foram fundamentais. A conferência, realizada entre 18 e 25 de junho de 1995, reuniu entre 2 mil e 3 mil pessoas por dia, e abordou temas como casamento homoafetivo e o reconhecimento da discriminação contra a população LGBTI+, que só seriam conquistados anos depois.
O objetivo da parada, ao final da conferência, era criar um símbolo de mobilização que pudesse ser repetido nos anos seguintes. Para Claudio Nascimento, a bandeira arco-íris de grandes dimensões, presente desde 1995, era um símbolo importante para garantir a visibilidade da causa.
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Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
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