Quase 60% deixariam tráfico por renda estável, aponta estudo

© Fernando Frazão/Agência Brasil
Quase seis em cada dez pessoas envolvidas com o tráfico de drogas manifestaram o desejo de abandonar essa atividade, caso tivessem condições de garantir seu sustento e estabilidade financeira. A informação é resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Favela, que ouviu cerca de quatro mil indivíduos em favelas de 23 estados brasileiros.
O estudo, denominado Raio-X da Vida Real, foi conduzido entre agosto e setembro de 2025 e revelou que 58% dos entrevistados sairiam do mundo do crime se tivessem uma oportunidade. Por outro lado, 31% afirmaram que não abandonariam o tráfico, mesmo diante de uma alternativa.
A pesquisa também identificou que a possibilidade de abrir o próprio negócio seria um incentivo para 22% dos participantes deixarem o crime. Outros 20% mencionaram a importância de um emprego formal, com carteira assinada.
Apesar da maioria nacional indicar o desejo de sair do crime, o levantamento apontou variações significativas entre os estados. No Ceará, por exemplo, 44% dos entrevistados disseram que não deixariam o tráfico, enquanto 41% afirmaram que o fariam. No Distrito Federal, a disparidade é ainda maior, com apenas 7% dispostos a abandonar o crime e 77% preferindo permanecer. Em Minas Gerais, 40% disseram que sairiam, contra 57% que optariam por continuar.
A remuneração foi apontada como o principal fator para a permanência no tráfico. De acordo com a pesquisa, 63% dos entrevistados ganham até dois salários mínimos mensais (R$ 3.040) com a atividade criminosa, com uma renda média de R$ 3.536,00. Para 18% deles, não sobra dinheiro ao final do mês.
A falta de oportunidades econômicas também é o motivo declarado para a entrada no crime. Muitos indivíduos se envolvem com o tráfico por necessidade financeira, acreditando que essa atividade lhes proporcionará uma vida melhor.
O estudo também revelou que 36% dos entrevistados exercem outra atividade remunerada para complementar sua renda, provavelmente devido aos baixos ganhos no tráfico. Desses, 42% realizam “bicos”, atividades esporádicas e mal remuneradas, enquanto 24% investem em pequenos empreendimentos, como barracas de comida ou oficinas. Além disso, 16% possuem empregos formais e 14% ajudam em negócios de amigos.
O levantamento ouviu 3.954 pessoas de forma presencial, aplicando questionários com 84 perguntas. A margem de erro é de 1,56 ponto percentual, com nível de confiança de 95%. A pesquisa traçou um perfil dos entrevistados, revelando que 79% são homens, 21% são mulheres e menos de 1% se declarou LGBTQIAPN+. A maioria (74%) é negra, 50% têm entre 13 e 26 anos, 80% nasceram e cresceram na mesma favela e 50% têm companheiro(a). Além disso, 70% seguem religiões de matriz africana, católica ou evangélica, 52% têm filhos e 42% não concluíram o ensino fundamental. A mãe é a figura mais importante para 43% dos entrevistados, e 84% afirmaram que não deixariam um filho entrar para o crime.
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Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
