Lideranças do povo Munduruku foram recebidas pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago, em Belém, após um protesto pacífico realizado na entrada principal do evento. O encontro, ocorrido nesta sexta-feira (14), buscou atender às demandas dos indígenas, que clamam por maior participação e consideração em decisões que afetam seus territórios e modos de vida.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!A manifestação transcorreu de forma pacífica, causando apenas um pequeno atraso na entrada dos participantes da conferência. A reunião subsequente ocorreu em um edifício anexo ao Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA), próximo à área oficial de negociações da COP30.
Além de André Corrêa do Lago, o encontro contou com a presença das ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima). Corrêa do Lago descreveu o diálogo como construtivo e positivo, reconhecendo as preocupações legítimas dos indígenas. Ele garantiu que as demandas apresentadas em documentos formais serão levadas adiante.
Os indígenas Munduruku reivindicam a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que versa sobre a privatização de empreendimentos públicos federais no setor hidroviário, incluindo projetos no Rio Tapajós. Eles também se opõem à construção da Ferrogrão, uma ferrovia destinada ao escoamento da produção agrícola entre Mato Grosso e Pará, que, segundo eles, impactará negativamente o modo de vida indígena e exercerá pressão sobre suas terras.
Em nota, o Movimento Munduruku Ipereg Ayu denunciou o corredor Tapajós-Arco Norte como um dos principais vetores do avanço do agronegócio sobre a Amazônia, citando dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Adicionalmente, o povo Munduruku manifesta sua insatisfação com as negociações climáticas internacionais, que, em sua visão, tratam as matas nativas como meros ativos de crédito de carbono. Cartazes exibidos durante o protesto expressavam mensagens como “Nossa Floresta não Está à Venda” e “Não Negociamos a Mãe Natureza”.
Em resposta, a ministra Sônia Guajajara classificou a manifestação como legítima e informou que os indígenas solicitaram esclarecimentos sobre processos demarcatórios de duas áreas tradicionalmente ocupadas: Sawre Ba’pim e Sawré Muybu, ambas em Itaituba, na bacia do Rio Tapajós. Ela informou que o processo demarcatório do Sawré Muybu já foi assinado e está em fase de contratação de empresa para demarcação física. Quanto ao território Sawre Ba’pim, o processo está no Ministério da Justiça para assinatura da portaria declaratória.
A ministra Marina Silva afirmou que não há pedido de licenciamento da Ferrogrão em análise pelo Ibama, mencionando que o processo está judicializado e que o EIA/RIMA original foi devolvido devido a inadequações. A demanda relativa à privatização das hidrovias será encaminhada ao Ministério dos Transportes. Guajajara também informou que 360 lideranças indígenas de todo o Brasil, incluindo 150 da Amazônia, estão credenciadas para acompanhar as negociações na Zona Azul da COP30, incluindo Alessandra Munduruku, representando seu povo.
Alessandra Munduruku reiterou o pedido de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente para tratar da revogação do decreto sobre a concessão de hidrovia na bacia do Tapajós. Ela enfatizou a importância de que o povo Munduruku seja ouvido e consultado em decisões que afetam seu território, reafirmando que as decisões devem ser coletivas e tomadas em conjunto.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

